No
meio do teu caminho havia uma Paixão.
Nunca
te esquecerás desta pedra que há de virar pó.
No
meio do teu caminho não, mas num fim de um desvio...
Na
falta de um caminho, havia um ídolo de pedra...
A
tua paixão para e ora ao teu ídolo
e
entrega-se a ele agora em sacrifício
para
que ele a cure da dor em teu passado.
E
é de repente que vê este ídolo cair
em
cima do si pesando corações em pedra
levando-a
para lá onde tudo começou:
Ó
anseio insaciável ao seio inexaurível
que
enfim sempre se afasta
fincando
nas bordas da ternura
uma
faca afiada retirada às pressas.
E
fica lá a sempre falta, caçadora canibal.
Marcas
primordiais
de
uma memória indelével
que
tatua em tua alma vazia sonhos
à
imagem de uma curvilínea dor
feita
à semelhança do teu primeiro ídolo.
Todo
ídolo é desejo de elevação
mas
é feito de queda por definição.
E
tão envergonhada tua alma se fez desnuda
alimentada
pela iludida esperança...
Ah,
a sempre esperança de recomeçar
um
novo happy end no antigo drama
que
insiste em se fazer reprise,
filme
triste a se reatuar...
Este
ídolo que amas tem duas caras,
mascaras
teatrais:
sorriso
melancólico e choro cômico.
Peito
bom, peito mau, doce, amargo
oferta
de asas ao sabor das estrelas,
oásis
de miragem, deserto sem norte.
Mas
que face é a tua, verdadeiramente tua?
Não
saberás vê-la jamais?
E
para quem é a paixão?
Para
ti que ora deitas num colo em fusão
e
és toda entrega ao sono da morte feliz ?
Para
ti que ora levantas o muro do castelo
e
és escudo e espada, um corte infeliz ?
Ora
queres matar este travesti do amor eleito,
ora
queres tua própria morte, como fuga dele
mas
deixando um rastro de vinganças,
e
delegando tua herança de culpas
ao
ídolo que se fez vão aos teus anseios.
De
ambiguidade é feito o teu círculo
um
jogo de fogo escorpiônico
que
te move e te remove do teu Ser.
No
centro da tua indecisão,
uma
profunda espiral,
redemoinho
das águas te trazem
para
o fundo da tua loucura,
na
porta da prisão escura
que
te ata ao passado.
Mas
ali também reflexos há,
e
brisas de uma inesperada passagem,
vê-se
ali a luz para além da dor.
De
lá, onde tudo começou
o
longe aqui se fez presente
latejando
perto, doendo sempre.
Mas
a um só passo do teu Ser desperto,
e
este sim, tão real e tão mais aqui tão perto!
É
só pedires ao Sol,
à
sempre Aurora Intemporal,
que
te traga à tona e de volta ao leme.
Desperta
enfim ó sonâmbulo da paixão
deste
sonho mau em que débil tremes!
É
só pedires para não seres só,
é
só acreditares que tudo é sonho,
é
só aceitares o Verdadeiro Amor
de
Quem teu sonho é fuga,
medo
pavor da plenitude
e
da luz do Sol que todos somos.
Sergio Condé