quinta-feira, 12 de novembro de 2015


Quando olho pra barragem de Mariana que partiu e destilou veneno na água limpa e pura, vejo nossa incapacidade de amar. 

Vejo nossa dor exposta, cimentando tudo, endurecendo... Vejo a dor que não cuidamos se ruir pela pureza da vida, da Terra. 

Vejo nosso desrespeito, nosso coração machucado, trincado, gritando por cuidados... Até que explode em lama e suja tudo em volta. Inclusive os rios, inclusive as almas... 

Vejo as gentes se culpando, se defendendo, se justificando, se afastando, fugindo, fingindo, mas de que adianta? Quando precisamos agora é nos responsabilizar, cada um por sua parte. Sair do conforto de reclamar e fazer, agir! 

Vejo nossa tristeza enchendo a barragem de consumo compulsivo, nossa insatisfação desrespeitando a vida, os seres, vejo nossa busca pelo poder, dinheiro, admiração e reconhecimento rompendo e varrendo tudo... Levando de nos o mais puro... O mais simples... 

Vejo nossa dificuldade de lidar com o sofrimento, o nosso e o do outro. Vejo nossa alienação em achar que podemos ser felizes sozinhos, ser mais felizes que os outros... Vejo o quanto nos afastamos do mais simples, do mais puro, do essencial. Vejo nossa inação diante do AMOR. Que é só e simplesmente tudo o que queremos e precisamos de verdade... 

Vejo o rio, a pureza da alma, da criança humana se encher de dor e transformar tudo em lama... 

Eu sinto muito...


Por: Paula Jácome