Quando
olho pra barragem de Mariana que partiu e destilou veneno na água limpa e pura,
vejo nossa incapacidade de amar.
Vejo
nossa dor exposta, cimentando tudo, endurecendo... Vejo a dor que não cuidamos
se ruir pela pureza da vida, da Terra.
Vejo
nosso desrespeito, nosso coração machucado, trincado, gritando por cuidados...
Até que explode em lama e suja tudo em volta. Inclusive os rios, inclusive as
almas...
Vejo
as gentes se culpando, se defendendo, se justificando, se afastando, fugindo, fingindo,
mas de que adianta? Quando precisamos agora é nos responsabilizar, cada um por
sua parte. Sair do conforto de reclamar e fazer, agir!
Vejo
nossa tristeza enchendo a barragem de consumo compulsivo, nossa insatisfação
desrespeitando a vida, os seres, vejo nossa busca pelo poder, dinheiro,
admiração e reconhecimento rompendo e varrendo tudo... Levando de nos o mais
puro... O mais simples...
Vejo
nossa dificuldade de lidar com o sofrimento, o nosso e o do outro. Vejo nossa
alienação em achar que podemos ser felizes sozinhos, ser mais felizes que os
outros... Vejo o quanto nos afastamos do mais simples, do mais puro, do
essencial. Vejo nossa inação diante do AMOR. Que é só e simplesmente tudo o que
queremos e precisamos de verdade...
Vejo
o rio, a pureza da alma, da criança humana se encher de dor e transformar tudo
em lama...
Eu
sinto muito...
Por: Paula Jácome