VIDA
Enquanto
poeta
Não
consigo descrever
A
morte do Rio Doce...
Enquanto
gestaltista
Não
quero sentir
A
morte do Rio Doce.
Não
sentir é parar de respirar
É
fechar os olhos
Para
tamanha angustia...
Um
sofrimento inigualável
De
uma chacina torpe e degradável
Que
provocou o holocausto de um ecossistema.
Só
quem vive e viveu em suas margens
Compreende
e vivenciaram
A
magnitude de sua grandeza...
Brinquei
neste rio,
Corri
em suas margens,
Nadei
em suas águas...
Avistava
as capivaras,
Sonhava
em ver onças,
Pegava
siris e camarões.
Lembro
do meu fascínio pelos teiús,
Pelas
aves aquáticas
Por
cada peixe avistado.
Lembro
do encontro das águas:
Do
Rio Piracicaba com o Doce
E
da minha alegria, romântica, ingênua e infantil...
Lembro
da tristeza em ver:
O
rio poluído pelo esgoto,
Da
recuperação das suas águas,
Das
matas ciliares
E
da criação do Parque Estadual do Rio Doce.
Lembro
das secas,
De
todas as enchentes
E
de todos os ciclos de uma terra...
Gostaria
de não ter vivenciado este assassinato...
Pois,
o meu coração é Franciscano
E
sou uma Bruxa amante da natureza.
Precisamos
de um plano de ação,
De
uma melhoria contínua
Com
excelência em qualidade para a sua recuperação.
A
natureza é farta
E
do seu ventre tudo nasce e se transforma...
Precisamos
de corações generosos para recomeçar;
Para
daqui a uns 100 anos (ou mais)
Os
nossos descendentes possam contemplar
Um
pouco daquilo que vivi há 30 anos... atrás...
O
de atolar na lama de um rio,
Soltar
uma gargalhada farta
E
sonhar em ser como as suas águas...
Cristalina,
livre, generosa,
Cheia
de vida, renascimento,
Esperança
e muito amor...
Sonhei
em viver como aquele Rio!
Que
me fazia transbordar em VIDA...
Por: Lucileyma
Carazza
Foto: Uma das bacias do Rio Doce anterior a novembro/2015 - Vale do Aço - Ipatinga/Minas Gerais/Brasil.