quinta-feira, 28 de julho de 2016

POSER


POSER

Por que escolhemos ser fakes
Apegamos às mentiras
Vivenciamos farsas...

Por que nos enganamos
Estraçalhamos corações
E vivemos em cordas bambas...

Por que somos taxativos
Em um local
Onde a dualidade persiste?

Por que optamos
Estar em precipícios
Encarando essa adrenalina ruim...

Por que nos desnudamos,
Nos devoramos para satisfazermos prazeres carnais
E afastamos da nossa essência divina...

Por que desvincular de um ciclo vicioso
Torna-se uma tarefa
Sine qua non  permissível?

Prefiro acreditar que há algo errado comigo,
Que esse ressentimento é algo supremo
Que provoca crescimento...

Dessa tríade dúbia
Expus o corpo, a alma, o coração...
Expus a falta de amor por mim...

Não adianta espernear e cobrar
As escolhas descabidas
Aos amores maus sucedidos...

Estou como a correnteza de um rio
À procura de uma foz
Para reencontros e recomeços...

Com a certeza de que ser honesto
Não nos dá o direito
De sermos algozes...

Com a clareza
De que sou responsável por mim
E por todo amor existente

Nesse nosocômio de hospício
Acolho a minha verdade da lucidez,
E deixo a sua com você...

Chega de boletins e ocorrências...
Eu te amo! Te respeito! Te reverencio!
Sigo o meu caos daqui em diante...


Por: Lucileyma Carazza

domingo, 17 de julho de 2016

INQUIETUDE



INQUIETUDE

Não nos resumimos a um único momento
Não somos uma única fração
Nessa dualidade que amordaça
Dessa tríade ingrata
E um único desejo:
De ser a única do seu coração.

Sigo em retidão
Me desvio em seus braços...
Me perco
Me emociono
Me arrependo
Me desespero

Sou livre
Sou louca
Sou poesia
Sou sua
Sinto muito


Por: Lucileyma Carazza

TOMANDO DE VOLTA O QUE VOCÊ DEU

TOMANDO DE VOLTA O QUE VOCÊ DEU

Você não vai experimentar uma verdadeira intimidade
se você passar a vida tentando agradar outros.

Aquele que se dá afastando-se de si mesmo
terá que tomar-se de volta, cedo ou tarde.

Aquele que diz "sim", porque tem medo de dizer "não"
vai dizer "não" no final, mas não será um gentil e compassivo "não".

Será um duro "não" sem perdão,
de alguém que tenta sobreviver, com medo de sufocar.

Será o grito de quem se sente traído,
Embora, na verdade, foi ele mesmo que se traiu.


Paul Ferrini:

quarta-feira, 13 de julho de 2016

À FALTA




À FALTA

Nós somos carentes. Sentimos falta, porque somos incompletos. E, ao mesmo tempo que isso é dolorido, pois precisamos do outro. É uma benção, pois precisamos do outro. Isso mesmo. É dolorido e ao mesmo tempo, uma benção.

Dolorido, pois tantas vezes nos machucamos ao pedir, tantas vezes não recebemos o que precisamos, tantas vezes precisamos enfrentar essa fragilidade trágica dos nossos corações… De se entregar e cair sem saber se há rede de proteção. Essa fragilidade de poder, à qualquer momento, estatelar a cara no chão. Essa nossa pequenez de precisar. Que nos leva à grandeza de pedir.

E, ao mesmo tempo, a mesma falta é o que nos leva a nos relacionar, a estar ao lado, a nos doar. É o que nos leva a sermos gentis, a abrir mão de nossos instintos mais tenebrosos e do nosso egocentrismo. Pois, afinal de contas, precisamos uns dos outros. Se eu preciso poder contar com você, você também deve poder contar comigo.

E, nesse paradoxo, caminhamos. Quando não decidimos nos fechar, nos esconder, fingir que somos só, pura e simplesmente perfeitos-autossuficientes-gentis, que não precisam de nada ou de ninguém pra sermos felizes. Que damos conta, de tudo e do todo sozinhos. E, caímos assim numa necessidade insana de controlar a tudo e a todos, pois não confiamos. Porque temos medo, porque estamos apavorados de que vejam a nossa fragilidade, que percebam a nossa necessidade, que muitas vezes, nós mesmos, não queremos olhar. E, pagamos aqui, o preço da solidão… E a conta dos antidepressivos da farmácia.

A verdade é que, tirando os Oshos da vida, todos nós precisamos. De abraço, de carinho, de aconchego, de cheiro, de cheirar, de beijo, de briga (brigar as vezes é demonstração de carinho e amor), de companhia pra ir no cinema, de jantar com a mesa farta de sorrisos, de alguém pra nos dizer o quanto engordamos, que precisamos estudar mais, trabalhar menos, alguém pra nos chamar de volta. De volta pro que é essencial, de volta pra onde está o nosso coração.

Afinal, a gente não se enxerga! À não ser diante do espelho, quando somos somente uma imagem projetada, cheia de poses. Mas, não nos enganemos, o mundo nos vê.

Eu acho que só nos relacionamos, só somos capazes de nos relacionar amorosamente, quando somos capazes de estar diante da nossa falta. Da nossa carência. Quando somos capazes de assumir o que precisamos do outro e suportamos estar neste lugar vulnerável, onde estamos à mercê, onde confiamos. E confiamos apesar do medo, apesar de saber que vamos nos machucar. Pois vamos nos machucar. Isso é inevitável. Não existe feliz pra sempre. Eu, inclusive acho que, pra ser feliz, é preciso aceitar que viver dói. Que não há como passar pela vida sem sentir alguma dor, sem ser frustrado. Isso é infantil.

A verdade é que precisamos. Precisamos de alguém pra amar.


Por: Paula Jácome

segunda-feira, 11 de julho de 2016

"O amor é mais falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angústia.Filosoficamente a angústia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e a alma sufoca. Há uma vertigem permeando as relações, tudo se torna vacilante, tudo pode ser deletado: o amor e os amigos.
“Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo”". Zygmunt Bauman

domingo, 10 de julho de 2016

LEGADO


LEGADO

Qual seria o legado
Desta dualidade louca que atormenta
Dessa sensação de incapacidade
De tempo desperdiçado
Dessa impotência constante

Caio a meditar rogando por iluminação:
São ciclos que se fecham,
Que recomeçam...
Que são viciosos,
Muitas vezes remanescentes.

Como bom algoz
A consciência cobra...
Existe o desconforto
E fico a me perguntar:
Como lidar com a dualidade?

O padrão vibratório cai
Procuro por fugas paliativas
E me autodestruo.
O bem e o mal existem em mim
E este buraco negro atormenta...

A loucura é uma constante
E me aproprio dela...
Acolho essa negritude
Para que transgrida luz
É a possibilidade de recomeçar... reconectar.

É hora de perdoar o passado
Aceitar e acolher os defeitos,
Acalmar a alma,
Reverenciar o ocorrido
E viver...

Por: Lucileyma Carazza


“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”. O evangelho segundo o espiritismo.



sexta-feira, 8 de julho de 2016

SER AUTÊNTICO E AUTO AUTORIZADO EM NOSSAS RELAÇÕES COM OS OUTROS

SER AUTÊNTICO E AUTO AUTORIZADO EM NOSSAS RELAÇÕES COM OS OUTROS

Relações maduras permitem a cada pessoa ser quem é. Isso não significa que haja nenhum momento de tensão, transgressão ou confusão sobre os limites de cada um. Todas as relações experimentam estes momentos. Mas, em geral, as pessoas em relações saudáveis, apreciam um ao outro como eles são, sem precisar fixarem ou mudarem um ao outro. Isso significa que eles são livres para se serem quem são e não têm que usar uma máscara ou adotar um papel incômodo para permanecerem na relação.

A pergunta "eu posso ser eu mesmo com você?" deve ser perguntada a respeito de toda relações que nós temos. Os amantes, os sócios, os amigos íntimos, deveriam estar perguntando isto um ao outro. As crianças deveriam estar perguntando isto aos pais delas.

Se a resposta para esta pergunta for "Não", nós precisamos saber por que. É porque a outra pessoa não nos permite sermos autênticos ou é porque nós não confiamos em nós mesmos suficientemente para nos revelar completamente? Ou será uma combinação da nossa falta de confiança, por um lado e a falta de aceitação por parte deles, pelo outro?

Geralmente, o grau em que nós confiamos em nós mesmos, em que falamos e agimos autenticamente, determinará o grau em que nós atraímos as pessoas que nos aceitam como nós somos. Quanto mais comprometidos com nós mesmos somos, mais tendemos a atrair outros que gostam de nós e nos respeitam como nos somos.

Paul Ferrini
(Traduzido do livro “ The Power of Love”)


terça-feira, 5 de julho de 2016

Percebo ainda tantos incômodos em mim, tantos desconfortos, críticas, resistências e contrariedades, e me pego pensando se algum dia isso terá fim, se algum dia vou me ver livre dessa parte minha que me espeta, me confunde, que é egoísta, auto-referente, que facilmente se ofende. Aí, como uma rolha que emerge do fundo de um lago, me vem um estalo, uma compreensão, de que isso nunca terá "fim" se eu não aprender a acolher e a amar essa mesma partezinha que tanto me pentelha. Minha criança birrenta às vezes chora, faz manha, tem raiva e inveja. É só uma criancinha. Eu a reconheço, lembro de sua face, e a honro quando a vejo. Peço perdão por tentar fazê-la calar a boca. Muitas vezes tudo o que ela precisa é de um abraço e de compaixão. Então tudo volta, magicamente, a estar bem.


Por: Nana Ferreira 

segunda-feira, 4 de julho de 2016

SEM RÓTULO


SEM RÓTULO

Somos frações de segundos
Subjugados por momentos

Somos várias frações
Em uma única essência

Somos centelhas divinas
Inacabadas em expiações

Somos seres egóicos
Transtornados e defensivos

Somos vidas emaranhadas
Regadas de vícios e amorosidades

Somos um ciclo frenético
De morte e renascimento

Somos um grão de areia
Na finitude do mar

Somos a melancolia resgatada,
A ansiedade inacabada

Somos algozes céticos
E vítimas certeiras

Somos o bem e o mal
Da nossa conveniência mortal

Somos vida e morte
Aclamados em renascimentos

Nesse ciclo frenético
Alcanço o estágio lúdico:

De apenas SER...


Por: Lucileyma Carazza