terça-feira, 26 de setembro de 2017



Eu gosto de pessoas carentes. Que deixam transparecer de algum jeito que precisam. Elas são mais abertas. Pessoas muito bem resolvidas, não sei bem como lidar. Acabam me deixando carente, insegura. 

Você pergunta, ela responde o que perguntou, por exemplo. Você não percebe nenhuma conversa puxada, nenhum medo de não estar aprovada, nenhuma vontade de ficar mais um pouquinho, nenhum querer ser convidado pro café. Elas não têm medo de serem excluídas, não sentem ciúme e não se preocupam quando são deixadas de lado. Seguem a própria vida. Não se chateiam ou se magoam, não se limitam, não se importam quando você se vai. Vivem o que precisam viver com você e, simplesmente , seguem o próprio caminho. Não mandam nem uma mensagenzinha no dia seguinte... Ou esperam uma sua... 

Pra mim, é difícil de lidar... 

Talvez seja inveja... Vontade de ser assim também, de não precisar de nada ou de ninguém. Imagina o alívio... Respiro só de pensar. 

Ou, talvez, medo. De ser pega ainda faltando tanto. Precisando tanto. Querendo tanto. Desejando tanto. 

Ou, vergonha, de ser tão boba e infantil diante do olhar que não precisa... Dele detectar qualquer falta na minha simpatia. 

Mais certo que seja mesmo a minha própria carência... Falo em nome delas agora, as pessoas bem resolvidas que lerem esse pedaço. 

Não se enganem, eu admiro, muito, mas, a conclusão é que me afasto... 

Pessoas carentes são mais confortáveis. 

Fritz Perls que me perdoe... 


Por: Paula Jácome