AMOR
IDIOTA E TEIMOSO
Caio em um choro compulsivo
adentrar em casa. Me sinto sozinha. Acredito que seja a hora de ouvir as
instruções psiquiátricas... E essa vontade louca de sumir e recomeçar novamente
em algum lugar do mundo não me sai da cabeça...
Em se tratando de terapias ouvir
o Felca, no auge dos seus 28 anos é muito mais interessante. Um rapaz com tanta
maturidade e esquisitice. Ele diz que está envelhecendo e ficando cada dia mais
burro, e que é bom ser burro porque o burro resolve seus problemas e está tudo
bem, já as pessoas inteligentes sofrem mais, achei isso de uma genialidade para
um garoto magricelo, tímido, cabeludo e lindo.
Resolvo mudar a energia, me
arrumo e saio a caminhar. Entro em pânico, talvez seja melhor voltar para
casa... a beira mar lotada é muito desinteressante... barulho, música alta,
areia voando, turistas sem graça, crianças gritando, mulheres vulgares, outras
correndo com os seus macacões colantes, homens se achando, cachorros com meias...
quanta preguiça eu sinto e para completar a playlist ainda toca a música que me
faz lembrar de alguém “LP - Lost On You” ...
Tudo igual e todos concentrados
em seus mundos digitais fingindo curtir uma praia, e eu ali isolada,
desconfortável, me sentindo sozinha, tirando forças não sei de onde para
enfrentar a vida, só me restando ler o livro do Bono – Surrender, que é um
aprendizado subliminar a cada parágrafo.
Como me identifico com suas
dificuldades, genialidades, pontos de vista, incertezas e crises existenciais.
Queria ser amiga do Bono, ir à praia, beber uma, conversar o dia todo, conhecer
Ali e assistir ao pôr do sol. Imagino o quanto teríamos de assunto, mas nesse momento
acredito que escutaria mais porque existem pessoas que sinto prazer em
conversar, ou apenas ouvir e admirar a sabedoria...
Peço uma água de coco, coloco os
dois fones e aumento o volume no máximo, as pessoas ao lado não param de falar(gritando)
encantados com os vendedores ambulantes.
De repente me dou conta que estar
sozinha é mais interessante do que estar em meios, ou com pessoas que não nos
pertencem. Existe um padrão vibratório onde apenas os que estão na mesma
vibração caminham juntos, e tudo bem... cada um em seu estágio de evolução.
Não estou bem, “eu sei, eu sei,
eu sei”, fingi por meses e vivi em um estágio de euforia acreditando piamente
que minhas dores estavam cicatrizadas. Disfarcei, tive vergonha em ter um
coração dilacerado, um coração mais uma vez traído, de ter sido ingênua...
Perdi meu amigo e alguém em quem confiava. Ouve deslealdade. Ouve gatilhos
emocionais que me pertencem e que afloraram... mas como diz a regra popular: “é
melhor ser enganado do que enganar”. Na verdade, o melhor seria ambos vivermos
em comunhão, respeitando nossas diferenças e reverenciando nossa convivência.
No mais, tenho por mim que: quando o outro me fere, não são eles os verdadeiros responsáveis,
e sim, eu, pelo fato de não ter colocado limites.
Tentei levar com maturidade e
naturalidade, me enganei, enganei várias pessoas que me diziam o tempo todo que
eu superei bem, ou que não havia motivos para me sentir mal.
A realidade é que a minha cabeça
está barulhenta e bagunçada... Resolvi curar o meu emocional... “eu sou eu,
você é você”... não sei o que esperar do Universo ou de Deus, não sei se quero
um novo amor, um amor verdadeiro, um amor ágape, ou simplesmente ficar sozinha
cuidando da minha vida... mas, contudo, porém e portanto... quando lembro
daquele baixinho tatuado, noooooo, não é amor, é apenas uma escorpiana se
lembrando de atos libidinosos com cara de safada (risos)...
Não sei o que quero, mas não
saber o que se quer já é o início de algo ou de uma cura emocional. Eu sei que
tudo vai passar, por um tempo vou me isolar, não quero conselhos, terapia,
autoconhecimento, vídeos motivacionais, julgamentos e nada que seja destrutivo. Me afastei das redes sociais por
não suportar os logarítmicos que me induzem ao que não quero ver. Me blindei para
curar. Vou me apegar a vida, ao Bono, ao crochê, no livro de Gregório (o Boca
do Inferno) que achei em casa e não sei quem me deu... Vou mais uma vez seguir
em retidão e me reerguer.
Segundo o Bono “Estamos
procurando alguém para nos salvar, ou uma solução para um problema e eles estão
bem na nossa frente, escondidos à vista de todos”... e o melhor: “se você
estiver onde deveria estar, vai conhecer quem precisa conhecer”.
Por enquanto tenho dúvidas mas
quero viver... experiências, lugares, o lúdico, o exótico, erótico, dar boas
gargalhadas e não ter um pingo de noção e filtro, quero ser livre. Quero algo
que me faça suspirar, transpirar e sorrir... e recentemente vi um post no
status de um amigo que reflete o que eu procuro: “os dispostos a viver algo
incrível merecem se encontrar”.
Por: Lucileyma Carazza