terça-feira, 27 de maio de 2025

AMOR IDIOTA E TEIMOSO

 


AMOR IDIOTA E TEIMOSO

 

Caio em um choro compulsivo adentrar em casa. Me sinto sozinha. Acredito que seja a hora de ouvir as instruções psiquiátricas... E essa vontade louca de sumir e recomeçar novamente em algum lugar do mundo não me sai da cabeça...

Em se tratando de terapias ouvir o Felca, no auge dos seus 28 anos é muito mais interessante. Um rapaz com tanta maturidade e esquisitice. Ele diz que está envelhecendo e ficando cada dia mais burro, e que é bom ser burro porque o burro resolve seus problemas e está tudo bem, já as pessoas inteligentes sofrem mais, achei isso de uma genialidade para um garoto magricelo, tímido, cabeludo e lindo.

Resolvo mudar a energia, me arrumo e saio a caminhar. Entro em pânico, talvez seja melhor voltar para casa... a beira mar lotada é muito desinteressante... barulho, música alta, areia voando, turistas sem graça, crianças gritando, mulheres vulgares, outras correndo com os seus macacões colantes, homens se achando, cachorros com meias... quanta preguiça eu sinto e para completar a playlist ainda toca a música que me faz lembrar de alguém  “LP - Lost On You” ...

Tudo igual e todos concentrados em seus mundos digitais fingindo curtir uma praia, e eu ali isolada, desconfortável, me sentindo sozinha, tirando forças não sei de onde para enfrentar a vida, só me restando ler o livro do Bono – Surrender, que é um aprendizado subliminar a cada parágrafo.

Como me identifico com suas dificuldades, genialidades, pontos de vista, incertezas e crises existenciais. Queria ser amiga do Bono, ir à praia, beber uma, conversar o dia todo, conhecer Ali e assistir ao pôr do sol. Imagino o quanto teríamos de assunto, mas nesse momento acredito que escutaria mais porque existem pessoas que sinto prazer em conversar, ou apenas ouvir e admirar a sabedoria...

Peço uma água de coco, coloco os dois fones e aumento o volume no máximo, as pessoas ao lado não param de falar(gritando) encantados com os vendedores ambulantes.

De repente me dou conta que estar sozinha é mais interessante do que estar em meios, ou com pessoas que não nos pertencem. Existe um padrão vibratório onde apenas os que estão na mesma vibração caminham juntos, e tudo bem... cada um em seu estágio de evolução.

Não estou bem, “eu sei, eu sei, eu sei”, fingi por meses e vivi em um estágio de euforia acreditando piamente que minhas dores estavam cicatrizadas. Disfarcei, tive vergonha em ter um coração dilacerado, um coração mais uma vez traído, de ter sido ingênua... Perdi meu amigo e alguém em quem confiava. Ouve deslealdade. Ouve gatilhos emocionais que me pertencem e que afloraram... mas como diz a regra popular: “é melhor ser enganado do que enganar”. Na verdade, o melhor seria ambos vivermos em comunhão, respeitando nossas diferenças e reverenciando nossa convivência.

No mais, tenho por mim que: quando o outro me fere, não são eles os verdadeiros responsáveis, e sim, eu, pelo fato de não ter colocado limites.

Tentei levar com maturidade e naturalidade, me enganei, enganei várias pessoas que me diziam o tempo todo que eu superei bem, ou que não havia motivos para me sentir mal.

A realidade é que a minha cabeça está barulhenta e bagunçada... Resolvi curar o meu emocional... “eu sou eu, você é você”... não sei o que esperar do Universo ou de Deus, não sei se quero um novo amor, um amor verdadeiro, um amor ágape, ou simplesmente ficar sozinha cuidando da minha vida... mas, contudo, porém e portanto... quando lembro daquele baixinho tatuado, noooooo, não é amor, é apenas uma escorpiana se lembrando de atos libidinosos com cara de safada (risos)...

Não sei o que quero, mas não saber o que se quer já é o início de algo ou de uma cura emocional. Eu sei que tudo vai passar, por um tempo vou me isolar, não quero conselhos, terapia, autoconhecimento, vídeos motivacionais, julgamentos e nada que seja  destrutivo. Me afastei das redes sociais por não suportar os logarítmicos que me induzem ao que não quero ver. Me blindei para curar. Vou me apegar a vida, ao Bono, ao crochê, no livro de Gregório (o Boca do Inferno) que achei em casa e não sei quem me deu... Vou mais uma vez seguir em retidão e me reerguer.

Segundo o Bono “Estamos procurando alguém para nos salvar, ou uma solução para um problema e eles estão bem na nossa frente, escondidos à vista de todos”... e o melhor: “se você estiver onde deveria estar, vai conhecer quem precisa conhecer”.

Por enquanto tenho dúvidas mas quero viver... experiências, lugares, o lúdico, o exótico, erótico, dar boas gargalhadas e não ter um pingo de noção e filtro, quero ser livre. Quero algo que me faça suspirar, transpirar e sorrir... e recentemente vi um post no status de um amigo que reflete o que eu procuro: “os dispostos a viver algo incrível merecem se encontrar”.

Por: Lucileyma Carazza