BASTA OLHAR PRA VER
Posted
on 28/05/2014 by Paula Jácome
Minha
mãe ama cuidando das coisas pra gente, pra todo mundo. Nem senta na mesa com a
gente, preocupada em nos ver bem e felizes. Esse é o jeito dela de amar. Meu
avô amava nos dando presentes. Uma avó lembrando da nossa comida predileta, a
outra, da bebida! Meu pai amava brincando e conversando. Meu amor ama fazendo
play lists com minhas músicas preferidas, cozinhando pra mim, abraçando meus
pesadelos. Meu filho maior ama filosofando, o menor, me agarrando!
Tenho
um tio que ama zoando, outro ensinando o que é melhor fazer com a nossa vida.
Uma amiga querida ama sendo muito generosa, outra ama acolhendo minhas
idiossincrasias, outra ama brigando quando faço bagunça, outra rindo, outra só
se cala e me aceita.
Conheço
quem ame sendo rígido, pra ensinar que a vida é dura. Quem ama com os olhos,
quem ama cozinhando e quem ama comendo. Tem quem ame se doando, tem quem ame
recebendo. As flores amam se abrindo aos beija-flores e às borboletas, os cães
amam protegendo, os gatos nos esfregando. Tem também as pessoas engraçadas que
amam brigando, gritando e xingando.
Eu
acho que amo ouvindo, dando atenção. E essa minha forma de amar não engloba
tudo que todas as outras pessoas esperam de mim, eu sei. Pra quem é amado por
mim, sempre vai parecer faltar.
Mas
também sei que toda maneira de amor vale a pena receber. Toda maneira de amor
vale a pena amar. Vale olhar, vale procurar pra encontrar onde está.
O
que não vale é ficar imaginando que não há amor porque o amor não veio do jeito
que esperamos. O que não vale é se sentir carente e ficar tentando consertar os
outros por não nos darem o que queremos, do jeito que queremos, na hora que
queremos. O que não vale é não ser capaz de ver e reconhecer o outro em suas
peculiaridades, é não receber o que está debaixo do nosso nariz e ainda ficar
dizendo que não tem. O que não vale é ser ingrato. E, ainda, quantas e quantas
vezes, se achar no direito de negar o melhor que se tem aos outros, como um
direito adquirido por não achar que não recebeu, não tem que devolver…
O
que não vale, não vale mesmo, é se negar pra vida e achar que a culpa é dos
outros. É ser priosioneiro da própria mente.
“Eu
ri quando me disseram que um peixe dentro d’água tem sede”
Basta
olhar pra ver.