Quando
falo de amor, estou falando de um amor que não é um relacionamento, mas um
estado de ser. Lembre-se sempre que eu uso a palavra "amor", eu a uso
como um estado de ser, não como um relacionamento.
Relacionamento é
apenas um aspecto muito pequeno do amor. Mas a ideia que você faz do amor é
basicamente a de relacionamento, como se isso fosse tudo.
O
relacionamento é necessário apenas porque você não pode ficar sozinho, porque
você ainda não está pronto para a meditação. Portanto, a meditação é necessária
antes que você possa realmente amar. Deve-se ser capaz de ficar só,
completamente só, e ainda assim ser imensamente feliz. Então, você é capaz de
amar. Então o seu amor não é mais uma necessidade e sim um compartilhamento,
não mais uma necessidade; Você não vai se tornar dependente das pessoas a quem
ama. Você vai compartilhar - e compartilhar é lindo.
Mas
o que comumente acontece no mundo é que você não tem amor, a pessoa a quem você
pensa que ama não tem amor no seu ser também, e ambos procuram amor um no
outro. Dois mendigos mendigando um ao outro! Daí a luta, o conflito, a disputa
contínua entre os amantes - sobre trivialidades, sobre insignificâncias, sobre
idiotices! - mas ambos continuam competindo.
A
disputa básica é que o marido pensa que não está recebendo o que lhe é de
direito, a esposa pensa que não está recebendo o que lhe é de direito. A esposa
pensa que está sendo enganada e o marido também pensa que está sendo enganado.
Onde está o amor?
Ninguém se incomoda em dar, todo mundo quer receber. E quando todo mundo está atrás de receber, ninguém recebe e todo mundo se sente prejudicado, vazio, tenso.
Os
fundamentos básicos estão faltando, você construiu um templo sem fundações. Ele
pode ruir a qualquer momento. Você sabe quantas vezes seu amor desmoronou e
ainda assim você continua fazendo a mesma coisa uma vez atrás da outra.
Você
vive em total inconsciência! Você não vê o que tem feito da sua vida e da vida
dos outros. Você segue em frente mecanicamente, como um robô, repetindo os
velhos padrões, sabendo muito bem que fez o mesmo antes. E você sabe, a cada
vez, qual foi o resultado, e no fundo também está procurando que aconteça o
mesmo outra vez - porque não há diferença. Você está se preparando para a mesma
conclusão, o mesmo colapso.
Se você pode
aprender alguma coisa com o fracasso do amor, será tornando-se mais atento,
mais meditativo, mais consciente. E por meditação eu quero dizer ser capaz de
se alegrar sozinho. Raríssimas pessoas são capazes de ser felizes sem nenhum
motivo - só por sentar-se em silêncio e contentes. Outros vão achar que estão
loucas, porque a ideia de felicidade é a de que a felicidade tem de vir de
outra pessoa. (...)
A
meditação libera o seu esplendor aprisionado. E você fica tão feliz, uma tal
euforia brota do seu ser, que você não precisa de nenhum relacionamento. Ainda
assim, você pode se relacionar com as pessoas... e essa será a diferença entre
relação e relacionamento.
Relacionamento
é uma coisa na qual você se aprisiona a ele. Relação é um fluxo, um movimento,
um processo. Você conhece uma pessoa, vocês estão se amando, porque vocês têm
muito amor para dar - e quanto mais vocês dão amor, mais vocês recebem. Depois
de ter entendido essa estranha aritmética do amor: quanto mais você dá, mais
você tem... Isso é exatamente o oposto das leis econômicas que se aplicam ao
mundo exterior.
Depois
de saber disso, se você quiser ter mais amor e mais alegria, você dá e
compartilha, então simplesmente compartilhe. E seja quem for que esteja
permitindo a você compartilhar sua alegria com ele ou ela, você se sentirá
grato a ele ou a ela. Mas isso não é um relacionamento, é um fluxo como o de um
rio.
O
rio passa ao lado de uma árvore, cumprimenta-a, alimenta-a, dá-lha água... e
segue em frente, dançando. Ele não se prende à árvore. (...) O vento chega,
dança ao redor da árvore e segue em frente. E a árvore empresta o seu perfume
ao vento.
Isso
é relação. Se a humanidade crescesse, amadurecesse, essa seria a maneira de
amar: as pessoas se conhecendo, compartilhando, seguindo em frente, sem
possessividade, sem dominação. Do contrário, o amor se torna um jogo de
poder."
Osho
em Intimidade, como confiar em Si mesmo e nos outros.