segunda-feira, 27 de novembro de 2023

PERDÃO


 

PERDÃO

 

“Quando a luz do perdão se manifesta, todas as sombras se dissipam. Mágoas e ressentimentos se dissolvem e o passado desaparece. Você volta para a luz do momento presente, onde não existe separação ou distanciamento. Por isso compreenda que se existe uma barreira entre você e outro, ela é feita de mágoas e ressentimentos - é feita de acusação. Portanto, é feita de passado.” Prem Baba

 

Falar sobre perdão não é uma tarefa fácil! Expressar essa emoção, principalmente para uma pessoa com a cabeça bagunçada como a minha não é uma tarefa das mais fáceis. Pesquisando minhas digestões emocionais pude perceber que já escrevi muito sobre o assunto. Escolhi escrever, porque assim, organizo melhor as ideias e emoções.

Perdoar me remete a cura de vários traumas, me lapida e me dá forças para seguir adiante com o mínimo de dignidade. Perdoar é um misto de compaixão, gratidão, libertação, respirar, luto, depressão, raiva, reverência, força do pensamento, pirraça, acolhimento, autorresponsabilização e outras emoções, mas, contudo, é uma escolha, um sentimento, uma frequência vibratória.

E por falar em cura... vou precisar me expor um pouco na esperança de regeneração. Suspiro... e me sinto aliviada por esta tarefa!

A primeira pessoa que escolhi perdoar nesta vida foi o meu ex-marido. Uma relação conturbada e depreciativa. Ele conseguiu acabar com toda a minha dignidade, me prejudicou muito. Desestabilizou o meu emocional, físico, financeiro e, principalmente, conseguiu adoecer a minha família. Havia muita raiva em mim, e o desejo de matá-lo. Esse desejo não me saía da cabeça. Descobri que era capaz de matar um ser humano e com a força desse pensamento, acabei conhecendo um matador de aluguel, que por dois talões de passe e dois mil reais acabaria com a vida dele... Nesse dia, cheguei em casa apavorada! De joelhos supliquei a Deus que me ajudasse a perdoar esse homem, com isso, todos os dias, a partir desse momento, passei a rezar por ele e a pedir perdão pelo que vivemos... com o tempo a raiva dissipou e consegui aquietar com o perdão o meu coração.

Nesse processo de perdão, posteriormente, me deparei novamente com a raiva! A raiva cega e burra. Fazia pirraça e não sabia que adultos também fazem pirraças. Eu tinha uma raiva muito grande da minha mãe. Raiva por ela não me amar do jeito que eu merecia... me senti muito excluída durante boa parte da minha vida. Acreditava que tudo era culpa dela e que ela vivia exclusivamente para me perturbar e torturar...

Aqui, procurei ajuda espiritual, terapêutica e psiquiátrica... porque senti uma dor inenarrável. Descobri que eu era apenas um ego.

O casamento frustrado, o abando da profissão, os assédios moral e sexual, a dor física por ficar imóvel em uma cama em virtude de um acidente, a face dilacera em cicatrizes... nada se compara a dor em descobrir que eu era apenas um ego. Eu me perdi completamente. Cheguei ao fundo do poço.

Em vez de perdoar a minha mãe, eu tive que me perdoar. Eu tinha muita vergonha de quem eu era... tive que acolher a minha criança interior ferida e dilacerada, perdoar quem eu era e recomeçar. Passei por uma reforma íntima e moral muito grande, aprendi a ser resiliente, a me amar e ter compaixão por mim mesma.

Doeu muito! Não foi fácil e não é. Aceitar, perdoar e acolher quem eu era e transformar em quem eu sou. Foi uma LIBERTAÇÃO, uma REGENERAÇÃO! A raiva cega e burra canalizei em poesias, comecei a escrever e nunca mais parei... aprendi me perdoando que: primeiro eu mudo e tudo muda ao meu redor.

A raiva pela mãe me ensinou que eu era um ego que antes de mais nada eu precisava me perdoar, mas a raiva pela mãe ainda existia e eu precisa rever este sentimento.

Com o objetivo de perdoar a minha mãe, senti que ela me deu tudo aquilo que ela havia recebido da minha avó. Que ela me ama do jeito dela. Me senti pequena! Muito pequena! Mas diante delas sou minúscula mesmo! Senti que sou parte integrante da minha mãe, da minha avó e bisavó... Senti compaixão pelas minhas ancestrais que são sobreviventes de abusos, necessidades, que guardam segredos, e que, viveram e vivem com muita garra, força e dignidade. Não perdoei a minha mãe, eu REVERENCIEI COM TODO AMOR A MINHA MÃE E AS MINHAS ANCESTRAIS.

Nesse ponto também tive que perdoar o meu pai. Não havia um problema explicito na nossa relação, mas haviam muitas arestas que precisavam ser vistas. Foi um processo menos dolorido, mas produtivo, eu já havia me despertado.

Atualmente perdoo com facilidade os assédios que sofro. Olho para esses assediadores e sinto compaixão, pois são almas desequilibradas, egos inflados e cegos... por estes, rezo, perdoo e escolho a distância.

Finalizando, não poderia deixar de relembrar todas as vezes que machuquei alguém e que pedi perdão pelos meus erros... raríssimas vezes fui perdoada, ressalto que fui expulsa, rejeitada, apedrejada e incompreendida... mas, está tudo bem em mim... tudo e todos tem o seu tempo de regeneração e aprendizado.

O perdão tornou-me um ser humano melhor, mais leve, disposto a aceitar, transformar e ser livre de fardos e amarrações que me prejudicavam. SUSTENTAR O PERDÃO É MAIS FÁCIL QUE SUSTENTAR UMA GUERRA.

Por: Lucileyma Carazza


ORAÇÃO DO PERDÃO

Eu perdôo você, por favor, me perdoe.
Você nunca teve culpa,
Eu também nunca tive culpa,
Eu perdôo você, me perdoe, por favor.
A vida nos ensina através das discórdias... e eu aprendi a lhe amar e a deixá-lo(a) ir de minha mente. Você precisa viver suas próprias lições e eu também.
Eu perdôo você... me perdoe em nome de Deus.
Agora, vá ser feliz, para que eu seja também.
Que Deus te proteja e perdoe os nossos mundos.
As mágoas desapareceram de meu coração e só há Luz e Paz em minha vida.
Quero você alegre, sorrindo, onde quer que você esteja...
É tão bom soltar, parar de resistir e deixar fluir novos sentimentos!
Eu perdoei você do fundo de minha alma, porque sei que você nunca fez nada por mal e sim porque acreditou que era a melhor maneira de ser feliz...
Me perdoe por ter nutrido ódio e mágoa por tanto tempo em meu coração.
Eu não sabia como era bom perdoar e soltar; eu não sabia como era bom deixar ir o que nunca me pertenceu.
Agora sei que só podemos ser felizes quando soltamos as vidas, para que sigam seus próprios sonhos e seus próprios erros. Não quero mais controlar nada, nem ninguém.
Por isso, peço que me perdoe e me solte também, para que seu coração se encha de amor, assim como o meu.
Muito obrigada!

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